Organismos Públicos

Quando vamos a um Organismo Público tratar de assuntos inadiáveis, a noção do Tempo ganha outra dimensão e ficamos com a sensação que a vida está a escapar-nos e que, lentamente, as rugas afundam-se no nosso rosto, os olhos ficam mais fundos e sem brilho e o caruncho começa a consumir a nossa massa óssea. Morremos lentamente a cada minuto que passa. São horas desesperantes que partilhamos com outros bichos Homem de cara fechada, sisuda e um humor de arrepiar as pedras da calçada, não estamos sós neste momento de tortura e isso dá-nos força para continuar. O tempo vai passando e começamos a imaginar as coisas divertidas que poderíamos estar a fazer ou a traçar objectivos: "Se sair daqui com vida, vou fazer aquela viagem que ando a adiar, vou escalar uma montanha, vou combinar mais jantares para a malta estar junta mais vezes, vou ao ginásio todos os dias, vou dizer ao amigo X que tem um hálito de cadáver e que não o suporto, vou..." Depois somos chamados e daí a 5 minutos estamos na rua, a encher os pulmões de ar, com a sensação de alívio e de "prueba superada!".
Ora bem, posso fazer uma sugestão? E que tal um jogo de quizzes para animar a malta ali reunida, um "Quem Quer ser Milionário? - Alta pressão" para que todos possamos participar, hein? Sempre era menos penoso e até divertido, convivíamos e quem sabe se a malta não saía dali com amigos e já a combinar outras jogatanas: "Próxima terça às 9h nas Finanças ou na DGV?"...